Observação sem tratamento (wait and see)
Nem todos os doentes com mieloma múltiplo (p. ex. mieloma múltiplo indolente) necessitam de iniciar tratamento, e, em alguns casos, esta situação mantem-se assim por anos.
O seguimento fica reduzido a consultas periódicas com re-avaliação, por análises, da evolução da doença.
Nota: no caso do mieloma múltiplo, e ao contrário do que é comum em muitas outras doenças, os resultados não são necessariamente melhores quando o tratamento é iniciado precocemente.
Quais são os factores que podem afectar a escolha do tratamento ?
Fases do tratamento:
Quimioterapia

Muitos destes fármacos (mas não todos!) agridem também as células normais, em especial as que têm maior actividade proliferativa:
na medula óssea: as células–mãe dos globulos vermelhos (podendo resultar em anemia), dos glóbulos brancos (aumentando o risco de infecções) e das plaquetas (com risco de hemorragias);
na pele: as células dos foliculos pilosos, resultando em queda do cabelo;
na boca e intestinos: as celulas de revestimento das paredes, podendo resultar em inflamação (mucosite) e/ ou diarreia
Este tipo de tratamento (ciclos) permite que as células normais recuperem no intervalo entre os tratamentos, mantendo-se o efeito sobre os plasmócitos (que não conseguem recuperar em intervalos assim tão curtos).
Também se verificou que juntando fármacos diferentes no mesmo tratamento (quimioterapia de associação) permite que sejam utilizadas doses menores de cada um deles – em relação á dose que seria necessária se usados isoladamente – sem que seja prejudicado o efeito final e com menor toxicidade.
Irradiação (radioterapia)
As massas localizadas de plasmócitos (plasmocitomas, lesões nos ossos ou na coluna vertebral) ou em situações de risco de fractura, a radioterapia é altamente eficaz, uma vez que os plasmócitos são muito sensíveis aos efeitos das radiações.

O tratamento consiste em sessões diárias (2ª a 6ª feira) de poucos minutos, durante 2 ou 3 semanas, é muito bem tolerado e tem efeitos colaterais mínimos
Quimioterapia de Alta Dose (quimioterapia intensiva)
Consiste na utilização de fármacos em doses muito elevadas, o que aumenta enormemente a sua capacidade dedestruir os plasmócitos anormais.
Em condições normais este tipo de tratamento iria determinar também elevada toxicidade, em especial a resultante da destruição das células normais da medula óssea: anemia muito profunda, destruição dos neutrófilos e outras células de defesa e perda das plaquetas do sangue com hemorragais graves e fatais.
Estes efeitos são contudo quase completamente neutralizados pela realização, em simultâneo, de auto-transplante de células–mãe hematopoiéticas (celulas estaminais ou stem-cells)
Auto-transplante (células estaminais, stem-cells)
Numa primeira fase, anterior ao tratamento de quimioterapia intensiva, são colhidas e guardadas as células- mãe hematopoiéticas (celulas estaminais ou stem- cells).
Para isto as celulas estaminais são mobilizadas da medula óssea para o sangue periférico (sangue venosos), o que se consegue com a utilização de factores de crescimento hematopieticos (Neupogen, Plarixafor), por vezes associados com citostáticos em doses convencionais.
Quando as quantidade de celulas estaminais no sangue periférico atinge determinado patamar, estas são colhidas por centrifugação em maquinas de circulação extra-corporal e imediatamente congeladas.

Este procedimento não é doloroso, pode ser realizado em ambulatório e demora cerca de 2 horas.
Numa segunda fase, o doente é submetido ao tratamento de quimioterapia de alta dose, e, quando ao fim de algum tempo, os fármacos são eliminados do organismo (fígado e rins), as células estaminais, previamente descongeladas, são injectadas numa veia periférica.
As células estaminais alojam- se então na medula óssea, começando a produzir ao fim de pouco tempo glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, de modo igual (e por vezes mais rapidamente) ao que acontece nos tratamentos convencionais de quimioterapia.
Medicamentos frequentemente utilizados:
1. corticosteroides
Efeitos adversos mais graves: agravamento da diabetes, dores e mal estar no estômago
2. agentes alquilantes
Efeitos adversos mais frequentes: anemia, baixa de glóbulos brancos (risco de infecções) e/ ou de plaquetas (risco de hemorragias)
Efeitos adversos mais frequentes: perturbação da sensibilidade nervosa, dificuldades no controle dos movimentos
4. vincristina
Efeitos adversos mais frequentes: perturbação da sensibilidade nervosa, obstipação
5. doxorrubicina
Efeitos adversos mais frequentes: anemia, baixa de glóbulos brancos (risco de infecções) e/ ou de plaquetas (risco de hemorragias)
Contra- indicado quando existe doença do coração
6. inibidores com efeito directo sobre as células malignas
talidomida
está totalmente contra- indicada durante a gravidez, porque provoca mal- formações graves no feto
Efeitos adversos mais frequentes: sonolencia excessiva, perturbação da sensibilidade nervosa, risco aumentado de tromboses
lenalidomida
7. pamidronato
fixa calcio nos ossos, contrariando a tendencia à osteoporose
8. Prevenção de complicações infecciosas
Contactar o Hospital se tiver qualquer dúvida !